
A bela foto que ilustra esta crônica mostra o elegante Conjunto Musical do Maestro Emílio Lima, responsável pelas saudosas serestas que acalentaram corações nas madrugadas de outrora, ao som contagiante da flauta, da prima e do bordão.
Segundo os historia dores e pesquisadores da Música Popular Brasileira, o estilo musical “seresta” surgiu no Brasil do século XVIII, rebatizando a mais antiga tradição de cantoria popular das cidades, a serenata, promovida por artistas que uniam música e poesia para abordar amores impossíveis e amizades. Essa forma de música popularizou-se principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste, e remonta ao período colonial brasileiro, quando os colonizadores portugueses trouxeram consigo a tradição das serenatas.
Os seresteiros percorriam as ruas das cidades, parando em frente às janelas das residências dos homenageados para encantá-los com suas canções. Ao longo do tempo a seresta foi sendo adapta da ao contexto brasileiro e ganhando características próprias devido à in fluência de elementos da música popular brasileira como o samba, o choro e a modinha.
O Distrito de Conservatória na cidade de Valença (Estado do Rio de Janeiro) é considerado a capital nacional da seresta, com mais de 140 anos de tradição no gênero. Guardadas as proporções, é possível dizer, face às antigas atividades dos nossos seresteiros, que a Barra Funda foi o palco natural das nossas saudosas e maravilhosas noites de serestas.
O elegante e apreciadíssimo Conjunto Musical do Maestro Emílio Lima não apenas encantava as madrugadas dos porto-felicenses, como também era responsável pela trilha sonora durante as apresentações artísticas encenadas no antigo Teatro Municipal que se localizava na Barra Funda, nosso bairro poético. É possível imaginar quantos e quantos corações pulsaram mais fortes embalados pela emoção mágica e encantadora dos tempos de outrora, quando o silêncio das noites enluaradas da Barra Funda era rompido pelos acordes poéticos das serenatas apaixonadas!
Indiscutivelmente a seresta é um gênero musical de grande importância cultural e histórica. Suas melodias suaves e de letras poéticas que encantam e emocionam a alma dos ouvintes, é um convite transformador para registrar, dentro de cada um, as ideias e pensamentos que nos proporcionam um bálsamo divino para impulsionar a vida.
Oh linda Terra de Araritaguaba / Das noites enluaradas / A reviver nas bandeiras / As tuas glórias passadas!
Reinaldo Crocco Júnior é advogado, escritor, pesquisador e colaborador da TRIBUNA
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