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O Nosso ‘Rancho Skinwalker’

No estado de Utah, nos Estados Uni dos, existe uma propriedade, ao lado da reserva indígena da etnia ute, que se tornou célebre por apresentar diversas anomalias e fenômenos inexplicáveis. Chama-se Rancho Skinwalker e esse nome se deve a uma lenda do povo navajo sobre um ser que toma diversas formas e que persegue e aterroriza as pessoas. O skin-walker pode se converter em diversos animais e andar entre uma dimensão e outra por meio de “por tais” transcendentais.


Nesse rancho é comum a aparição de luzes misteriosas, de objetos voadores não identificados (óvnis), de anomalias que interferem em aparelhos eletrônicos, de sons bizarros e sem explicação, de seres estranhos que desaparecem da vista das testemunhas como se adentrassem em outra dimensão.


Esses fenômenos são mais comuns do que imaginamos e ocorrem em diversas localidades que parecem ser propensas para esse tipo de manifestação, Por exemplo, na Floresta Nacional de Ipanema, entre os vizinhos municípios de Iperó e Araçoiaba da Serra, há relatos que atravessam os séculos de anomalias inexplicáveis. O jornal Diário de Sorocaba, de 21 de maio de 1914, por exemplo, noticiava a ocorrência de “manifestação de phenomenos psychicos na Villa Militar do Ypanema” que se referiam ao fato de abrirem-se subitamente “as portas de um guarda-louça existente na sala de jantar e pratos, chícaras, pires, compoteiras, assucareiros, etc. começaram a descer de lá arremessados ao chão, onde se reduziam a estilhaços”. Ademais, um “enorme piano Ritter, collocado a um canto da sala começou a mover-se do seu logar e principiou a desferir accordes, sem que ninguém lhe tocasse no teclado”. Essa narrativa se soma a tantas outras que dizem respeito a ocorrência de fenômenos tidos como paranormais em determinadas localidades.


Pois bem, parece que em Porto Feliz também existe uma área ao estilo do “Rancho Skinwalker”: o bairro rural do Chapadão.


Quem primeiro nos contou sobre essas histórias fantásticas foi a Roberta Magalhães Rodrigues, que morou por um tempo na Olaria Santo Antônio, altura do quilômetro 127,5 da Rodovia Marechal Rondon, sentido Porto Feliz a Itu. Na época em que morou lá, Roberta ouviu e testemunhou a ocorrência de eventos estranhos e assustadores.


Diz ela que “numa Sexta--feira Santa, quase à meia--noite, ouvi um tropel, um trotar muito alto de cavalos e uma luz intensa que penetrava dentro de casa”. Assustada com o barulho e a luz, resolveu abrir a janela para ver do que se tratava, No entanto, assim que abriu a janela, a luz se apagou e o barulho cessou sem nenhuma explicação.


As pessoas daquele lugar dizem que essa ocorrência é constante durante a Sexta-feira Santa. Roberta conta ainda que seu esposo trabalhava a noite toda na fornalha da olaria. “Uma vez disse que viu um par de olhos brilhantes, no pasto ao lado”, conta ela. “Ele correu pra dar a volta do forno, quando chegou, questão de segundos, com a lanterna não viu nada. Mas depois de um tempo escutou algo mexendo no pasto, como se estivesse cortando o mato. Quando amanheceu foi olhar estava tudo no lugar, nenhum mato cortado ou amassado”.


E os fenômenos não param por aí. “Outra vez, a noite viu vultos passando por trás do forno, mas não sabia o que era”.


Outra testemunha, que prefere o anonimato, diz que “uma vez a gente [ela e os pais] estava vindo, passando a ponte do [ribeirão] Avecuia, vi uma luz atrás do carro, parecia uma bola de fogo e veio em nossa direção. Mas não chegou muito perto do carro. E, daí, ela sumiu”. Essa “bola” de fogo foi vista por muita gente lá no Chapadão.


Também de outra testemunha anônima recolhemos esse depoimento: “Certa noite um grupo de amigos decidiu ir ao Chapadão. Num determinado momento, avistaram uma igrejinha e nesse exato momento o carro atolou. Não saía do lugar de jeito nenhum. De repente, apareceu um homem com vestes de monge, como aqueles franciscanos, ele empurrou o carro, ajudando a desatolar o carro”. Porém, a figura de um monge, em hábitos franciscanos, nas proximidades daquela igrejinha, assustou o grupo que saiu em disparada. O episódio rendeu uma música do grupo Null, intitulada Reverendo Hermes.


Os relatos sobre o bairro rural do Chapadão em Porto Feliz demonstram que fenômenos inexplicáveis não são exclusividade de lugares distantes ou famosos como o Rancho Skinwalker em Utah. Assim como as lendas ute e navajo que intrigam e aterrorizam, as histórias locais contadas por moradores reforçam a ideia de que o desconhecido pode estar mais próximo do que imaginamos. Essas narrativas, muitas vezes transmitidas de geração em geração, contribuem para a rica tapeçaria cultural de uma região e instigam a curiosidade sobre o que ainda não compreendemos completamente. Seja no interior de Utah ou no coração de Porto Feliz, os mistérios continuam a desafiar nossas percepções e nos convidam a explorar o mundo invisível ao nosso redor.


Carlos Carvalho Cavalheiro é professor, mestre em educação, escritor, pesquisador e colaborador da TRIBUNA

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