Para a Polícia Civil não há dúvidas: barbeiro assassinou a companheira, saiu à procura de gasolina e esperou a enteada voltar para casa para matá-la e cometer suicídio.
O barbeiro Wilas Martins dos Santos (37 anos) degolou a companheira, esperou a enteada de treze anos voltar para casa e então deu início ao incêndio no qual ele e a adolescente morreram. Para acelerar as chamas, Wilas usou gasolina.
Estas são as conclusões da Polícia Civil sobre o crime que chocou a cidade — e deu origem a várias especulações, todas falsas. De acordo com o delegado titular de Porto Feliz, Raony de Brito Barbedo, Wilas não aceitava o fim do relacionamento com a comerciária Débora Cristina de Moraes (30 anos). Para o delegado, este foi o motivo do crime e o caso está esclarecido.
Bebia muito
O relacionamento do casal durou cerca de dez anos. A adolescente Katlyn Moraes Irmão era fruto de um relacionamento anterior de Débora. Delegado Raony e equipe apuraram que Wilas bebia muito e, segundo vizinhos, usava drogas. “Débora estava insatisfeita, queria colocar um término no relacionamento e Wilas não aceitava isso”, disse o delegado em entrevista coletiva sobre o caso concedida na Delegacia Seccional de Polícia Civil de Sorocaba. “Ele tinha tido problemas com álcool, ficou um tempo sem consumir, mas voltou a fazer uso abusivo do álcool.”
Sem sinais
Por conta da dependência química de Wilas, o peso de sustentar a família recaía somente sobre Débora. Ela teve de assumir “todos os encargos do relacionamento, gastos da casa e até mesmo da barbearia dele”, disse dr. Raony.
Apesar dos problemas no relacionamento, o casal era discreto e tranquilo — disseram os vizinhos. Eles nunca testemunharam brigas ou atos violentos. Os vizinhos sabiam, porém, da intenção de Débora de deixar o barbeiro, e sabiam também qual estratégia ele usava para demover a companheira. Wilas apelava para o “amor” que sentia por Débora e pela enteada.
Pelas costas
Na quinta-feira da semana passada (22), Débora deve ter anunciado a decisão de romper definitivamente com o companheiro. Wilas matou a companheira cortando o pescoço dela com uma faca. “O corte foi na região da garganta, mas a angulação do corte indica que Wilas estava nas costas dela”, disse o delegado Raony. “Então, foi como se ele tivesse dado um abraço nela e colocado a faca em seu pescoço. Tudo indica que Débora foi surpreendida.”
Gasolina
Depois do feminicídio, Wilas saiu pelo bairro à procura de um galão de gasolina. Ele voltou para casa e esperou Katlyn chegar. A seguir, ele se trancou com a adolescente no quarto aonde estava o corpo de Débora e iniciou o incêndio.
Os laudos do Instituto Médico-legal de Sorocaba são conclusivos: Débora morreu de ferimento à faca; Wilas e Katlyn morreram queimados. A hipótese de incêndio acidental também foi completamente descartada pela Polícia Civil. “Foi feito um exame no local pelo Instituto de Criminalística. Ali, não foi encontrado nenhum tipo de vestígio de um acidente como vazamento de gás ou curto circuito da casa”, disse o delegado de Porto Feliz.
Boatos
Ele também descartou com sendo boatos as informações de que Wilas mantinha relações sexuais com a enteada e que a polícia tinha encontrado cartas trocadas pelos dois. “Essa informação não procede. No exame realizado nas vítimas não havia vestígio de violência sexual e nem mesmo, como se cogitou no município, de que ele teria engravidado a enteada. Ela não estava grávida e a mãe dela também não”, disse dr. Raony.
O delegado requisitou o exame toxicológico para determinar se Wilas usou alguma droga no dia do crime. “Estamos aguardando isso para concluir o que passou na mente do autor do crime”, explicou aos jornalistas durante a coletiva. O resultado do exame será uma informação a mais a ser acrescentada ao inquérito, mas para a Polícia Civil a tragédia está esclarecida.
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