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A gruta de Nossa Senhora de Lourdes

A GRUTA NA ÉPOCA DE SUA INAUGURAÇÃO. O jornal ‘O Municipal’, ao publicar a foto, curiosamente chama a novidade de ‘Verdadeira Gruta N. S. de Lourdes’ quando a ‘verdadeira’ fica na... França

O porto-felicense, quando se refere ao Parque das Monções, costuma chamar o local de Gruta. Isso porque, parte do complexo do Parque possui uma gruta escavada no paredão salitroso e que foi dedicada a Nossa Senhora de Lourdes.


Mas a gruta é apenas uma parte do Parque das Monções. Acabou se tornando a referência maior para aquele espaço. Porém, qual é a história por detrás daquela formação?


Dizem que na década de 1920 dois sacerdotes franceses, Alexandre Hourdeau e Vitor Maria Cavron, perceberam alguma semelhança entre o local e a gruta francesa dedicada a Nossa Senhora de Lourdes.


Então, pelo empenho desses dois clérigos, começou-se o trabalho de transformar aquela formação do paredão numa réplica da gruta que existe na França. Consta que foram usadas dinamites para que a gruta tivesse maior profundidade e, depois de escavada conforme a sua original, inaugurou-se em 15 de agosto de 1924 a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.


Uma imagem da santa foi colocada no local. Logo se tornou local de peregrinação e de visitação pública.


O jornal Correio Paulistano, da capital, edição de 6 de julho de 1925, noticia a realização de um convescote (pic-nic) realizado pelos operários da Estrada de Ferro Sorocabana em Porto Feliz. Naquele ano já existia o ramal férreo que facilitava a vinda para esta cidade. O ramal é de 1920.


O jornal paulistano informa que “após desembarque, os visitantes se dirigiram ao paredão de Ararytaguaba, histórico porto das Monções, onde hoje existe uma gruta da Nossa Senhora de Lourdes, ao lado do monumento commemorativo e outros melhoramentos mandados fazer pelo governo do Estado”. Percebe-se, então que a gruta já era uma atração do Parque desde quando foi inaugurada.


Em outro jornal, Diário Nacional, também de São Paulo, de 26 de junho de 1928, foi noticiada a realização de uma romaria de Itapetininga até Porto Feliz. De acordo com esse jornal, “seguiram os romeiros, acompanhados pela corporação musical N. S. do Rosário de Itapetininga, até a gruta de N. S. de Lourdes, onde foi celebrada missa pelo vigário local. Depois de algumas horas de permanência em Porto Feliz, os romeiros voltaram para Itapetininga”.


A gruta de Nossa Senhora de Lourdes, então, foi também uma referência religiosa importante, capaz de incentivar a realização de romarias. Em 18 de janeiro de 1926 o Correio Paulistano publicou novamente uma nota sobre a gruta. Diz o jornal: “o aniversário da apparição de Nossa Senhora, na Gruta de Lourdes, será festejado nesta cidade pela Associação Filhas de Maria com grande esplendor”.


A Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, no Parque das Monções, transcendeu sua origem como uma simples formação geológica para se tornar um ícone de devoção e peregrinação. Inaugurada em 15 de agosto de 1924, a gruta foi cuidadosamente esculpida por dois sacerdotes franceses que buscaram em Porto Feliz uma réplica da famosa gruta francesa. O empenho dos clérigos Alexandre Hourdeau e Vitor Maria Cavron em transformar o local em um espaço sagrado rapidamente fez com que a gruta se destacasse como um ponto central de religiosidade e atração turística na região.


Ainda hoje, a Gruta é uma referência. Como dito acima, no início deste texto, a Gruta é hoje sinônimo do próprio Parque que, nesse sentido, foi perdendo a sua identidade como sítio histórico das Monções, sendo ofuscado pelo monumento religioso construído em louvor a Nossa Senhora de Lourdes.


Com o passar dos anos, a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes não só consolidou sua importância religiosa como também impulsionou o desenvolvimento local ao atrair visitantes e romeiros de várias localidades. As notícias de eventos e romarias, como relatado nos jornais da época, evidenciam o impacto significativo da gruta na vida comunitária e cultural de Porto Feliz. Assim, a gruta permanece como um testemunho da dedicação e da fé que moldaram sua história, continuando a ser um símbolo de espiritualidade e um destino de devoção para os fiéis até os dias atuais.


Carlos Carvalho Cavalheiro é professor, mestre em educação, escritor, pesquisador e colaborador da TRIBUNA

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