A Polícia Civil deve instaurar inquérito para apurar uma falha crítica no sistema da Santa Casa

Falha impede o acesso da equipe a prontuários, arquivos e módulos administrativos; ainda não se sabe se o problema foi técnico ou ataque hacker

Uma falha do sistema ou uma ação proposital? A Polícia Civil tentará achar uma resposta para o episódio ocorrido no final de setembro na Santa Casa, quando um colapso no sistema de informática causou a perda de arquivos médicos, prontuários e exames de pacientes, entre outros arquivos.

A falha crítica ocorreu na quarta-feira 25. Nos dias que se seguiram, os técnicos tentaram recuperar os arquivos perdidos, até agora sem sucesso.

‘Prejuízos’

Na terça-feira (1º) a Secretaria de Saúde do município pediu à Polícia Civil a instauração de inquérito para “apurar possíveis crimes relacionados à interrupção completa dos serviços de tecnologia da informação, ocorrido no dia 25 de setembro e que culminou em pane total do sistema de software da Santa Casa de Porto Feliz”.

Segundo a Secretaria de Saúde, a perda dos arquivos causou “significativos prejuízos à saúde pública e ao atendimento à população”.

O que ocorreu

No dia seguinte, quarta-feira 2, a gerente hospitalar da Santa Casa, Vanessa dos Santos Moreau e o advogado Eugênio Motta Neto prestaram queixa à Polícia Civil. Eles explicaram o que ocorreu.

A empresa responsável presta serviços à Santa Casa há cerca de 30 anos. O programa da empresa cuida da gestão hospitalar e gerencia cadastros, agendamentos, prontuários eletrônicos e outros aspectos vitais da administração da Santa Casa.

Falha crítica

No dia 25, por volta das 12h52, o sistema de gestão hospitalar sofreu uma falha crítica. A equipe do hospital não conseguia acessar os módulos essenciais do programa. O Departamento de Tecnologia de Informação da Santa Casa foi acionado.

A avaliação inicial foi de que o serviço do banco de dados PostgreSQL não estava funcionando da forma correta. Após tentativas infrutíferas de recuperar o acesso, a equipe decidiu reinstalar o programa em um novo servidor Linux. Mesmo assim os dados vitais não puderam ser acessados.

Sem sucesso

No mesmo dia um técnico da empresa responsável pelo programa foi à Santa Casa. Às 5h da quinta-feira 26 o programa foi instalado em um novo servidor. O programa parecia funcionar normalmente, mas a Santa Casa continuava sem ter acesso a módulos e tabelas essenciais. O cadastro de pacientes, por exemplo, havia desaparecido.

O trabalho continuou na sexta-feira e no último sábado (30). A equipe da empresa responsável pelo sistema tentou uma nova abordagem, transferindo os arquivos para uma máquina virtual. O problema persistiu. Os técnicos, até o encerramento desta edição, continuavam tentando recuperar os dados.

Hacker?

Além de afetar o atendimento de pacientes, a falha crítica atingiu setores administrativos da Santa Casa como controle de estoques, farmácia, almoxarifado e faturamento.

Quando o boletim de ocorrência foi feito, na quarta-feira (2), as causas do problema ainda eram desconhecidas. Não se sabia se o sistema sofreu uma falha grave ou se ele “foi invadido por ataque hacker” — como diz a queixa. De qualquer maneira, o problema já virou um caso de polícia.