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Reinaldo Crocco Júnior: Um Griô dos Tempos Modernos

É extremamente comum nas cidades do interior paulista (e creio que em outros Estados da nação) a existência de especialistas nas memórias da localidade. É aquele a quem se recorre quando surge alguma dúvida sobre um fato, um personagem, um lugar, uma instituição do passado. Muitas vezes, a cidade acaba contando com mais de um desses experts convivendo num mesmo contexto.


Recordo-me que na década de 1990 visitei a cidade de Altinópolis numa busca por minhas raízes familiares. Altinópolis é a antiga Mato Grosso de Batatais, cidade localizada na região de Ribeirão Preto, no nordeste paulista. Naquela ocasião encontrei uma pessoa – a quem me indicaram ser um historiador local – que logo se desvencilhou de mim encaminhando-me a Lysias Garcia da Costa. Depois de ouvir as minhas dúvidas, Lysias com sincera honestidade me disse: “Ah, o que você quer é só o Oldemar Brondi quem sabe”.


E cordialmente me levou até a casa de Oldemar e, de fato, ele me esclareceu muita coisa, aliviando a bagagem da minha ignorância e dando-me, em troca, muita informação pertinente ao que eu queria saber. Tornei-me amigo de Oldemar, hoje, infelizmente, falecido.


Lysias e Oldemar eram os memorialistas da cidade, guardiões da memória do município. Alguém deve tê-los substituídos após a passagem deles pela Terra.


Pois bem, a nossa querida Porto Feliz não foge à regra. Possui uma gama de pessoas interessadas em trazer à lume os fatos curiosos do passado. E, mais do que isso, são essas pessoas responsáveis pelo cimento que nos une numa identidade comum compartilhada e reforçada pela constante recontagem de nossa História.


Essa mesma função exercem os chamados griôs, contadores de histórias de algumas tribos africanas, verdadeiras enciclopédias vivas que guardam a memória de um determinado povo. Temos em nossa cidade diversos desses griôs como Sônia Bellon, Roberto Prestes de Souza, José Eduardo Bertoncello, e, também, Lourdes Kerche do Amaral, Sônia Jaqueline Oliveira e Reinaldo Crocco Júnior.


Este último tem se destacado por divulgar suas pesquisas em textos publicados em jornais da cidade, incluindo a TRIBUNA. As informações contidas nas crônicas do dr. Crocco primam pela qualidade e quantidade de informações condensadas em textos relativamente curtos, mas que, por isso, são muito palatáveis ao gosto do leitor.


Reinaldo Crocco Júnior, um verdadeiro griô dos tempos modernos, se destaca não apenas por seu compromisso em difundir a memória de Porto Feliz, mas também por sua habilidade em transcender as fronteiras do passado, trazendo-nos um rico panorama histórico que abraça todas as épocas, inclusive as mais recentes. Assim como os antigos griôs africanos, Crocco tornou- -se um guardião da identidade paulista da Terra das Monções, consolidando laços comunitários através da constante recontagem e celebração da história local.


Seu trabalho incansável em compartilhar suas pesquisas através de crônicas publicadas em jornais da cidade, como a TRIBUNA, não apenas enriquece o conhecimento dos porto-felicenses, mas também inspira uma apreciação mais profunda pela rica herança cultural da região. Ao condensar uma vasta gama de informações em textos acessíveis e envolventes, Reinaldo Crocco Júnior personifica a figura do griô moderno, mantendo viva a chama da memória coletiva e fortalecendo os laços que unem as gerações presentes e futuras de Porto Feliz. Seu legado transcenderá as fronteiras do tempo, iluminando o caminho da compreensão e apreciação da história local por muitos anos vindouros.









Carlos Carvalho Cavalheiro é professor, mestre em educação, escritor, pesquisador e colaborador da TRIBUNA



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