A pintura que ilustra esta crônica é da primeira esposa de D. Pedro I, Maria Leopoldina da Áustria, em apoio a quem formou-se o Esquadrão Militar Porto-Felicense dos Voluntários da Sereníssima Princesa, movimento ocorrido na Vila de Porto Feliz algum tempo antes do dia 7 de setembro de 1822 para apoiar a Imperatriz na sua luta pela Independência do Brasil. A cidade de Porto Feliz está inegavelmente ligada a importantes episódios da história brasileira.
No que tange ao movimento que culminou com o célebre brado do Imperador D. Pedro I às margens do Riacho Ipiranga no dia 7 de setembro de 1822, a partir do qual o Brasil tornou-se independente do jugo de Portugal, é importante considerar que não foi um ato tão simples quanto parece. Houve resistência e luta armada entre brasileiros e portugueses na cidade do Rio de Janeiro no movimento denominado Guerra da Independência que se estendeu de 1822 a 1823, no contexto do processo de independência que ocorreu de 1808 a 1825. A Guerra da Independência foi, na verdade, uma luta civil luso-brasileira já que portugueses e brasileiros combateram em ambos os lados.
Nessa luta armada pela Independência do Brasil, o militar João Baptista Lobo de Oliveira teve ativa participação como integrante da tropa comandada pelo General Joaquim Xavier Curado – Tenente General Governador das Armas da Corte e Província -, no embate travado com a tropa portuguesa liderada pelo General Avilez.
Tempos depois desse conflito armado no Rio de Janeiro, e já no ano de 1831, o militar João Baptista Lobo de Oliveira chegou à Vila de Porto Feliz, onde teria se instalado como provável proprietário da Fazenda Capivary. Esse militar foi obreiro da Loja Razão nº 4 de Cuiabá e, por força do movimento monçoeiro, manteve estreitos laços de amizade com cidadãos ilustres da Vila de Porto Feliz, com os quais falava sobre a ideia de independência. Por tais razões e pelos auspícios de progresso que se vislumbrava para o local, ao chegar a essa vila, João Baptista Lobo de Oliveira foi o principal articulador da fundação da Loja Maçônica Intelligência neste recanto paulista, e que foi a primeira em toda a Província de São Paulo.
Nos idos de 1822, quando o ideal de independência ganhou força nos diferentes rincões brasileiros, a Vila de Porto Feliz abraçou a causa. Os Alferes José de Tolledo Piza e Joaquim Corrêa Leite, cidadãos dessa vila, lideraram o Esquadrão Militar Porto-Felicense dos Voluntários da Sereníssima Princesa, movimento de apoio à Imperatriz Leopoldina, para ampará-la na sua brava luta pela Independência do Brasil. Esse Esquadrão Militar esteve vigilante e pronto para o combate, até que o Brasil fosse efetivamente desligado do jugo português.
José de Tolledo Piza nasceu em Porto Feliz, onde se casou no ano de 1836 com Dulcelina de Campos, filha do Tenente Domingos de Almeida Campos e de Maria Inácia Leite. Joaquim Corrêa Leite, que chegou a ser Juiz de Órfãos na Vila de Porto Feliz, também era porto-felicense, filho do Sargento Mor José da Costa Matta e de Izabel Pedroso. Casou-se nessa vila no ano de 1804 com Francisca Simões da Rocha, sobrinha do Padre André Rocha, que trouxe para esta terra o primeiro piano da Província de São Paulo, no dia 2 de maio de 1820.
Porto Feliz, a Terra das Monções, está diretamente ligada ao movimento da Independência graças ao empenho de seus cidadãos ilustres que compuseram o Esquadrão Militar Porto-Felicense dos Voluntários da Sereníssima Princesa, abraçando a causa da Imperatriz Leopoldina, a primeira esposa do Imperador D. Pedro I e uma das principais articuladoras da Independência do Brasil. Louve-se, também, a participação ativa dos políticos valorosos que compunham, na época, a nossa Câmara de Vereadores.
Salve Terra das Monções / Tua gente varonil / Honrará tuas tradições / E a grandeza do Brasil!
Reinaldo Crocco Júnior é advogado, escritor, pesquisador e colaborador da TRIBUNA
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