Priscila de Souza Monte foi esfaqueada na perna, perdeu muito sangue e morreu três dias depois
Se não fosse pelo empenho do de legado e de um investigador de Polícia Civil, a morte de uma mulher de 43 anos poderia ter passado impune. A vítima é Priscila de Souza Monte. Ela chegou ao pronto--socorro na tarde de uma quinta de setembro (19) com um ferimento na per na. Três dias depois estava morta. Seu companheiro disse que Priscila havia sofrido um acidente. O delegado titular de Porto Feliz, Raony de Brito Barbedo e o investigador Manoel Alves Neto foram ao Instituto Médico-legal de Sorocaba para acompanhar pessoalmente a necrópsia.
Além do corte à faca na perna, o corpo de Priscila apresentava sinais de agressão que não pode riam ter sido descobertos a olho nu. O delegado pediu a prisão preventiva do suspeito e o juiz de Direito da 1ª Vara, Diogo da Silva Castro, aceitou o pedido. Na noite da sexta-feira 4, uma guarnição da Polícia Militar foi até Vila Progresso para cumprir o mandato. Fernando Pereira da Silva — o Ceará — estava em casa, foi preso e levado ao Centro de Detenção Provisória de Sorocaba. A TRIBUNA acompanhou o caso desde o início, mas deixou de publicar informações a pedido da Polícia Civil, que temia a fuga de Ceará para seu Estado de origem.
Flagrante
Priscila e Ceará tinham um relacionamento conturbado. Em março de 2018 a mulher foi agredida nas costas com golpes de barra de ferro. Ela prestou queixa à Polícia Civil e disse que temia por sua vida. Contou também que havia feito várias tentativas de se separar de Ceará, mas o homem não lhe dava sossego. Dois meses depois Ceará foi autuado em flagrante por homicídio tentado. Ele ignorou as medidas protetivas decretadas pelo Judiciário, invadiu a casa de Priscila e a agrediu a socos. Uma equipe da Polícia Militar encontrou o homem escondido num terreno vizinho à casa da vítima.
O pai de Priscila, um homem de 76 anos, disse ao delegado e ao investigador, na porta do IML, que em outra ocasião Ceará tentou matá-la à faca das. Segundo o pai, o casal bebia e usava drogas.
No pronto-socorro
No meio da tarde de 19 de setembro, uma quinta--feira, Ceará chegou com a companheira ao Pronto--socorro Maria de Lourdes Assunção Oliveira (Jardim São Marcos). A equipe, encontrando uma ferida à faca na perna de Priscila, avisou a PM.
O médico Joabe Pereira dos Reis, que coordenou o socorro à vítima, disse que Priscila tinha um feri mento na altura do joelho direito e havia perdido muito sangue. Ela estava inconsciente e teve de ser intubada.
A versão dele
No pronto-socorro, Ceará disse que chegou em casa e encontrou Priscila caída no chão ao lado de uma faca. Ele fez um curativo colocando pó de café no ferimento e enrolando a perna com um pano. O suspeito disse também que deixou Priscila deita da e saiu para trabalhar. Ao retornar, ela havia piorado e então decidiu levá-la ao pronto-socorro.
De acordo com a ficha médica da vítima, a equipe do pronto-socorro teve de realizar manobras de recuperação cardiorrespiratórias quando Priscila chegou. Com as manobras e medicamentos vasoativos, os sinais vitais da paciente voltaram.
Ela recebeu transfusões de sangue, mas três dias depois o quadro agravou-se e Priscila morreu. A morte foi declarada às 19h13 do domingo 22.
Mais um
A polícia estava diante de mais um caso de feminicídio, o terceiro neste ano. O delegado Raony e o investigador Manoel acompanharam a necrópsia no IML de Sorocaba. O exame do corpo encontrou lesões na região interna da boca, escoriações nos braços, hematomas nas costas e contusão abdominal interna. Para os policiais civis, não havia mais dúvidas de que Priscila havia morrido em circunstâncias violentas.
As informações prestadas pelo pai da vítima ainda no IML reforçaram a convicção do delegado titular de que havia ocorrido um feminicídio. Dr. Raony pediu à família para que guardasse segredo das informações para evitar que Ceará fugisse. A TRIBUNA, apesar de ter conhecimento do caso, deixou de divulgá-lo até que o suspeito fosse preso.
Preventiva
O delegado apresentou suas conclusões ao juiz de Direito titular da 1ª Vara da Comarca, Diogo da Silva Castro e pediu a prisão preventiva do suspeito. O juiz concordou com o pedido e expediu o mandado de prisão. As evidências eram tão fortes que o Dr. Raony deixou de pedir a prisão temporária, um tipo de prisão que dá mais tempo à polícia para investigar um crime. As provas já eram conclusivas.
Na noite da sexta-feira 4, uma guarnição da PM foi bater à porta da casa na rua João Diana Sobrinho (Jardim Excelsior). Eram 21h quando Ceará foi pre so e levado à Delegacia de Polícia. Nascido no muni cípio cearense de Araripe, Fernando Pereira da Silva não esperava pela visita da polícia. Achava que sua história tinha enganado todo mundo.
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