Às vezes pensamos em grandes projetos, obras vultosas, e problemas do dia a dia pode ser esquecidos apesar de ser tão importantes, pois fazem parte exatamente do nosso cotidiano.
Numa cidade, as calçadas transformam não só a paisagem, mas a forma de seus moradores se relacionarem entre si e com os espaços urbanos. Andar pelas ruas da cidade não pode ser nenhum sacrifício.
Não deveriam haver buracos, degraus, obstáculos e outros desafios que impedissem a livre circulação. Enfim, tornar uma calçada segura não é apenas trazer a garantia de acessibilidade a pessoas com deficiências ou limitadas pela idade avançada, e sim de transformar as calçadas em caminhos agradáveis e acessíveis para todos, incluindo crianças, idosos, mães com carrinhos de bebês, a todos os cidadãos que devem ter nas calçadas a garantia de um trajeto tranquilo e seguro, em harmonia com a cidade.
Mas como fazer para lidar com uma questão que envolve não apenas ações da administração municipal mas, principalmente, atitudes dos munícipes? De que forma convencer cada cidadão a reformar suas calçadas para, juntos, transformarem a realidade da cidade como um todo? A resposta é apenas uma: não é fácil, mas é possível.
Pode parecer utópico, mas poderíamos ter, por exemplo, um Programa Calçada Segura como o desenvolvido pela Prefeitura de São José dos Campos, que conta com apoio técnico de empresas, entidades de classe e sociais daquela cidade. Este programa vem mostrando resultados e gradualmente transformando as ruas, praças e espaços públicos de São José em um novo ambiente, mais agradável, seguro e adaptado para todos os cidadãos.
Segundo a Prefeitura daquela cidade, implantar o programa não foi difícil, mas foi preciso somar pequenas atitudes como reunir grupos, levar a mensagem até os cidadãos, incentivar a mudança etc etc — claro, tudo amparado por uma lei municipal.
O primeiro passo é a criação de um marco legal que regulamente os novos padrões das calçadas no município, segundo normas de segurança e acessibilidade e dentro da realidade daquela comunidade. A lei deve prever aspectos como as medidas, materiais, cores, estilos e variações permitidas. Outro ponto fundamental: a administração municipal deve sempre ser o exemplo, ou seja, as obras (executadas por ela) devem também ocorrer em imóveis oficiais, escolas, praças e espaços públicos prioritariamente, como forma de exemplificar e incentivar as mudanças que estão por vir.
E, importantíssimo, fiscalização sempre e conscientização de que os problemas não são só das autoridades, mas sim nossas também, temos que fazer a nossa parte e se cada um cumprir a sua parte vamos diminuir os problemas e passamos a realmente fazer parte da nossa cidade.
Roberto Prestes de Souza é professor, historiador, ex-vereador e diretor-responsável da TRIBUNA
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